Eu tinha feito planos explícitosde não embarcar no BBB, mas, quando dei por mim, estava lá, pronta pra decolar.Mal tinha apertado os cintos e a aeromoça já chamava a minha atenção. Só que,dessa vez, isso não tinha nada a ver com um pedido pra desligar o celular. Era apenas um aviso. Estávamos em queda livre. Sem saídas de emergência. Sem assentos flutuantes. Sem máscaras de oxigênio, caso faltasse o ar. O caso mesmo era a gente se jogar. Nada de fazer tudo certo dessa vez. O negócio era tentar chegar vivo no final. Ou, ao menos, ter uma boa história pra contar.
Eu não sabia o que fazer. Prezo muito a terra firme sobre os meus pés, mas ela queria que eu mergulhasse fundo. Então, eu fui. Sem nem pensar duas vezes. Simples assim. Eu mergulhei com ela. E, quer saber? Deu ruim. Essa não é uma história feliz, sobre como tudo é fofo e acaba bem no final. Não. Isso é algo sobre sobreviver às turbulências, porque, quando eu penso na Talita, a primeira palavra que me vem à cabeça é justamente essa: sobrevivente.
Porque ela sobreviveu a muita coisa. Sobreviveu a uma infância difícil, a um relacionamento complicado e, ainda que os 60% seja um número enganoso, sobreviveu também a um jogo cruel. Minha aeromoça, 22 anos, menina ainda, levou nas costas, o que muita mulher de 50 anos não tem peito pra aguentar. Ela riu. Ela chorou. Ela perdeu a mão em muitos momentos sim, mas, sobretudo, ela viveu. Se doou. Aproveitou cada ínfimo instante. Fez tudo que queria fazer, doesse a quem doer, porque ela não é garota de fechar os olhos e se tremer toda no primeiro aviso de perigo.
Não. A moça é corajosa. Tem a maior de todas as coragens. Ser o que ela é, de verdade. Sem máscara. Sem disfarce. Eu admiro esse tipo de gente. Aquela que diz “eu sou isso aqui mesmo e queria muito que você gostasse de mim, mas, se não gostar, eu vou seguir vivendo. Eu já fiz isso outra vez”. E eu preciso dizer que ela vai continuar fazendo. Porque ela é uma dessas pessoas raras, do tipo que não precisa ser meiga pra ser delicada, não precisa ser perfeita pra ser bonita.
Isso tudo é pra dizer, garota, que você, sem meias palavras, é foda pra caralho. Eu mal te conheço e tenho muito orgulho de você, de tudo que você conquistou e de tudo que eu, tenho certeza, ainda vai conquistar. Você nasceu pra voar alto, minha menina, e, no seu caso, nem mesmo o céu é o limite. Continue forte. Continue firme. Decola, Tatá, que esse mundão é pequeno pra você. E, se alguma vez precisar um abrigo, saiba que você tem uma casa aqui no meu coração, assim como no de muita gente.
Fonte: http://niqueplum.tumblr.com/
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